WILSON NETO

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Dr. WILSON NETO - Fisioterapeuta Acupunturista Neurofeedback - doutorneto.blogspot.com

Hormônios controlados são encontrados em suplementos alimentares

Hormônios controlados são encontrados em suplementos alimentares

Está se sentindo desanimado? Não consegue levantar da cama de manhã? Ganhou peso?
Muitas pessoas com sintomas desse tipo recorrem a suplementos alimentares que prometem acelerar o metabolismo, agitando a tiroide com um misto de vitaminas e minerais. Algas fucus, iodo e uma erva chamada ashwagandha estão entre os ingredientes mais comuns.
Porém, esses produtos que podem ser comprados sem receita médica também contêm algo não tão natural: hormônios da tiroide que só deveriam ser vendidos sob prescrição médica.
Pesquisadores testaram 10 produtos populares para a tiroide vendidos pela internet e descobriram que nove deles continham os hormônios tiroxina (T4), ou triiodotironina (T3), às vezes ambos. As quantidades variavam, mas em alguns casos as quantidades de hormônios da tiroide eram iguais ou maiores que as presentes em medicamentos vendidos sob prescrição médica, de acordo com o relatório, publicado em novembro pela revista científica Thyroid.
Com a dose diária recomendada de quatro pílulas, um dos suplementos fornecia 91 microgramas de T4 e 16,5 microgramas de T3, segundo os pesquisadores. Nos consultórios médicos, a dose inicial de T4 para pacientes com problemas na tiroide é de apenas 25 microgramas ao dia; alguns pacientes mais velhos recebem metade desse total. Uma dose de 75 microgramas ao dia é suficiente para reestabelecer o funcionamento da tiroide em muitas mulheres de baixa estatura.
'Esse suplemento pode fornecer um volume igual ou maior de hormônios da tiroide que os encontrados em medicamentos vendidos sob prescrição médica', afirmou o Dr. Victor Bernet, diretor de Endocrinologia da Mayo Clinic, em Jacksonville, Flórida, além de principal autor do estudo. Ele ficou interessado nos suplementos para a tiroide depois de ver um paciente com resultados inexplicáveis. O paciente acabou admitindo que estava tomando o suplemento recomendado por um amigo para pessoas com 'pouca energia'.
Doenças na tiroide são comuns – e mais comuns ainda nas mulheres, afetando uma a cada 10 mulheres com mais de 50 anos. Os pacientes podem sofrer de cansaço, letargia, ganho de peso, mas nem todas as pessoas com esse tipo de sintoma são acometidas pela doença. Pacientes que tomam hormônios da tiroide devem visitar um médico regularmente, afirmou Bernet.
'Os hormônios da tiroide possuem uma pequena janela terapêutica e é fácil tomar uma dose maior ou menor do que a ideal.'
Uma dose excessiva pode impedir o corpo de regular os níveis hormonais, levando pessoas saudáveis a terem problemas na tiroide, segundo Bernet. Doses excessivas de hormônios da tiroide podem causar ansiedade, insônia e mudanças emocionais, além de perda de tecido ósseo e problemas cardíacos graves.
Funcionários de grupos comerciais que representam os fabricantes de suplementos alimentares afirmam que ficaram chocados com as descobertas do estudo e que receberiam de braços abertos a fiscalização para impedir a ação de 'umas poucas empresas irresponsáveis' que vendem produtos adulterados.
'Nenhum suplemento alimentar deveria conter medicamentos controlados, ponto final', afirmou John Shaw, executivo-chefe da Natural Products Association. 'Eles são ilegais e devem ser retirados do mercado', disse, acrescentando que 'não queremos produtos perigosos sendo vendidos por aí'.
Tanto Shaw, quanto Duffy MacKay, do Conselho de Nutrição Responsável, outra associação comercial de suplementos alimentares, sugeriram que os produtos testados não representam a totalidade do mercado, muito embora nove dos 10 contivessem níveis perceptíveis do medicamento.
MacKay, que é naturólogo, afirmou que a maioria dos consumidores não utiliza produtos 'obscuros' como suplementos para a tiroide. 'Essa é uma categoria extremamente marginal, são os estranhos em um mundo de estranhos', afirmou.
Embora a FDA possa agir contra os suplementos inseguros uma vez que eles estejam no mercado, as regulamentações em torno dos suplementos alimentares são muito diferentes das utilizadas em relação aos medicamentos convencionais, que passam por testes extensivos antes de serem aprovados. Segundo a Lei de Saúde e Educação sobre os Suplementos Alimentares, de 1994, os fabricantes de suplementos devem garantir que os produtos sejam seguros antes de serem colocados no mercado.
Uma porta-voz da FDA afirmou que a agência entrou em ação para reforçar a lei nos últimos anos, chegando a enviar cartas de advertência sobre as violações generalizadas às boas práticas de fabricação em uma fábrica da Atrium Inc., em Wautoma, Wisconsin, que faz suplementos de levedura de arroz vermelho, entre outros. Ela se negou a dizer se a agência estaria investigando os produtos para a tiroide apresentados no estudo.
Os médicos também estão preocupados com o iodo, um ingrediente presente em quase metade dos suplementos para a tiroide. Para que a tiroide possa produzir hormônios, ela precisa de iodo, mas quantidades excessivas podem ser prejudiciais, afirmou Bernet.
O estudo recente não analisou os conteúdos de iodo dos suplementos para a tiroide, no entanto, as embalagens de cinco deles listavam o iodo como um dos ingredientes, com quantidades que variavam de 100 a 240 microgramas da dose diária recomendada. A dose recomendada para adultos é de 150 microgramas por dia (e um pouco mais para grávidas e lactantes). Uma colher de chá de sal iodado contém 400 microgramas.
Para o iodo, assim como para o hormônio da tiroide, segundo Bernet, existe uma 'quantidade ideal' para as dietas; o excesso ou a falta podem ser perigosos.
Ele e os coautores do trabalho não facilitam para os consumidores que queiram evitar os suplementos contaminados com hormônios para a tiroide: o artigo não identificou quais foram os produtos testados.
O conselho de Bernet é evitar todos esses suplementos. 'Não dá para confiar nessas coisas, pois você não sabe o que há dentro delas'.

The New York Times News